domingo, 5 de abril de 2009

O DRAMA DAS BALAS PERDIDAS

Aline da Conceição Viana, 39 anos, estava em sua residência no bairro Costa Barros, zona norte do Rio de Janeiro. Quando no dia 02 de abril de 2009, foi vítima por uma bala perdida, que perfurou seu braço esquerdo e na altura do coração. Aline, que mora próximo à comunidade conhecida como Morro da Pedreira, ficou sem os movimentos do braço e esta aposentada por invalidez. Sem querer tirar fotos, forneceu esta entrevista no interior de um ônibus.

Como era a comunidade quando você veio morar aqui?
Era boa, tinha poucas pessoas morando ainda, vim pra cá com meus pais quando tinha 16 anos. Brincava no meio da rua com meus amigos sem me preocupar com tiroteio e coisas deste tipo. Hoje, não deixo meu filho nem ir até o portão sozinho e muito menos ficar brincando na rua com os amiguinhos dele, porque quando menos esperamos a polícia sobe o morro e começam os tiros, pondo em risco as pessoas que moram no morro.

Qual é a sua opinião sobre a violência aqui no Rio de Janeiro?
Minha opinião não e muito diferente das outras famílias que moram próximas ou em comunidades carentes, a de total abandono.

Qual e seu maior medo, sabendo que a violência só cresce na cidade?
Meu maior medo e perder meu filho que esta com cinco anos de idade e meu marido que trabalha fora e chega à noite por volta das 10:00 hs.

Qual é a medida que vocês tomam quando acontecem os confrontos entre polícia e bandido na comunidade?
Agente se esconde abaixado no banheiro, porque fica localizado no meio da casa e se vier alguma bala terá que passar por três paredes até chegar onde estamos.

Já esteve em meio a um confronto?
Sim, estava voltando do trabalho e quando menos esperava a polícia apareceu e começou um tiroteio infernal. Era muito tiro eu me escondi atrás de um carro e me joguei no chão, fiquei lá por mais ou menos duas horas até a polícia ir embora e os tiros pararem.

O que você pensa para o futuro?
Para o meu futuro não penso em muita coisa não, mais para o futuro do meu filho sim; ele só tem cinco anos e ainda tem muita coisa para fazer. Primeiro quero sair deste local, que antes era de muita tranqüilidade. Agora estou vendendo a minha casa para mudar para um local menos violento, sei que vai ser difícil encontrar, mais sei que ainda existe. E só assim ficarei despreocupado em relação ao futuro de minha família.
O que você espera do governo em relação a violência?
Não espero mais nada. Não temos mais em quem confiar, votamos porque é “obrigatório” mesmo sabendo que estamos colocando mais um bandido na política brasileira que podemos considerar mais um reforço para a violência que já existe e que piora a cada dia.

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