sexta-feira, 24 de abril de 2009

DROGAS: UMA VIAGEM SEM VOLTA
Relatório revela 26 milhões de dependentes químicos no mundo e mortes passam de 200 mil por ano

Curiosidade, influência dos amigos, desejo de fuga, busca pelo prazer... Esses são os principais motivos que levam uma pessoa a buscar as drogas. De acordo com Relatório Mundial sobre Drogas 2008, elaborado pelo escritório das Nações Unidas e contra Drogas (UNODC), os dependentes químicos estão na casa de 26 milhões e as drogas ilícitas matam 200 mil por ano.
Conhecida como “drogas das Elites”, a cocaína foi símbolo nos anos 1980, de uma geração denominada “yuppies”, jovens profissionais bem-sucedidos que inalavam em busca de energia e auto-estima. Já nos anos 1990, outro fenômeno, a popularização da música eletrônica e da cultura “clubber”, foram responsáveis pelo aumento do uso de drogas entre jovens, sendo o ecstasy e o LSD as mais famosas delas.
O advogado, Fernando Amorim, 32, encaixa-se perfeitamente nas características relacionadas e no relatório divulgado pela UNODC. Cinco anos longe das drogas, conta que as sequelas deixadas por ela foram marcantes em sua vida, o fato der ser usuário de drogas interferia em sua carreira, no seu cotidiano e com sua relação interpessoais com as pessoas mais intimas.
“Usei drogas desde meus 23 anos de idade, comecei usando maconha, depois em festas passei a utilizar o ecstasy e LSD, levei transtorno e desespero para toda minha família, cheguei a entrar para o mundo do crime, roubava e traficava para manter meu vício, larguei meu trabalho, perdi o respeito dos meus amigos e por pouco não acabei com meu casamento, abalado pelo incessante vício que me consumia”, relata Fernando.
Uma droga que chama a atenção e que causa grande preocupação na comunidade médica, é o crack , que rapidamente vicia e destrói o organismo do usuário. Segundo dados o Ministério da Saúde, entre as drogas ilícitas, o crack e a cocaína são as consideradas mais preocupantes, devido à relação que apresentam com a criminalidade e às fortes reações durante as síndromes de abstinência de seus usuários.

Sem querer se identificar L.B, 52, conta que sua vida hoje é um verdadeiro inferno, Mãe de três filhos, já perdeu um para o tráfico, e os outros dois, já procurou ajuda em diversas entidades governamentais e particulares para tirá-lo do vício das drogas, porém, não obtive nenhum resultado.
“O vício é uma coisa incontrolável, meus filhos são boas pessoas, mas infelizmente estou perdendo eles para o tráfico e para o crack e agora para a heroína, procurei todo tipo de ajuda e não tive nenhum resultado, sempre que penso estar tudo bem com eles, o jogo vira contra mim, e o resultado e catastrófico, dia desses, meu filho mais novo teve que ser levado às pressas para o hospital, ele teve princípio de overdose por ter usado heroína, não sei mais o que fazer, só Jesus para tirá-los dessa vida ingrata”, conta a mãe L.B.

Tabaco e álcool matam 7,5 milhões por ano
Os dados sobre as chamadas “drogas lícitas”, como o tabaco e o álcool, são ainda mais assustadores. O cigarro mata 5 milhões de pessoas por ano e o álcool, cerca de 2,5 milhões. O tabagismo é a principal causa de morte evitável em todo o mundo, matando mais do que o álcool e as drogas ilegais. Por isso é um dos maiores problemas de saúde mundial.
De acordo com dados de 2008 da Organização Mundial da Saúde (OMS), na média, todo fumante perde 15 anos de vida em comparação às pessoas que não possuem o hábito. O Cigarro possui em sua composição mais de 4.500 complexos químicos, como arsênio, amônia, sulfito de hidrogênio e cianeto hidrogenado. O fumo pode ocasionar doenças isquêmicas do coração, isquemias ou hemorragias cerebrais, doença pulmonar obstrutiva crônica, cânceres de pulmão, boca, laringe, esôfago e bexiga.
A necessidade de beber maiores quantidades de álcool para obter os mesmos efeitos, o aumento da importância do álcool na vida da pessoa e a falta de controle em relação ao momento de beber, além do surgimento de síndrome de abstinência, caracterizada por tremor das mãos, distúrbios gastrintestinais e do sono, são os principais sinais de que a pessoa esta sofrendo de alcoolismo.
Os indivíduos dependentes do álcool podem desenvolver várias doenças. Entre as mais freqüentes estão relacionadas ao fígado (esteatose hepática, hepatite alcoólica e cirrose), ao parelho digestivo (gastrite, síndrome de má absorção e pancreatite) e ao sistema cardiovascular (hipertensão e problemas cardíacos).

Vigilância domiciliar

Para o médico e psicólogo Arnaldo Valentim, os pais devem ficar atento a seus filhos, pois identificar se eles estão utilizando drogas ou consumindo bebidas alcoólicas é bem nítido, primeiro pela mudança de comportamento e depois por mudanças bruscas de atitudes, se chagam em casa muito tarde, dificuldade para dormir e falta de concentração.
“Os principais motivos que levam uma pessoa a utilizar drogas esta relacionados a fatores sociais e culturais, estímulo dos colegas, necessidade de se sentir “parte da turma”, busca de prazer e fuga de um estado depressivo”, esclarece Arnaldo.
Segundo Arnaldo, uma boa política de drogas eficaz que funcionaria não pode estar relacionada à pedagogia do terror, segundo ele a repressão é apenas um passo.
“É necessário promover maiores direitos para as pessoas. Instituir uma política de redução de danos causados pelas drogas. As novas medidas adotadas pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), seguem essa linha, por meio da viabilização dos Centros de Atendimento Psicossocial Álcool e Drogas (Caps-AD). É um serviço ambulatorial que integra uma rede de atenção em substituição à” internação psiquiátrica” e que tem como princípio a reinserção social. Realiza ações de assistência, de prevenção e capacitação de profissionais para lidar com os dependentes”, conclui.

Um comentário:

Paulo disse...

Parabéns Tony, textos muito bem redigido. Continue assim com essa visão crítica jornalístico.